Artigo

Rei de copas

Trago o cheiro forte de incenso...

Trago o cheiro forte de incenso
espalhado em meus perfumados pensamentos.
Ao longe, o barulho incessante de vento,
a lareira ofegante ainda aquece aqui dentro.

Na claridade deficiente avisto um vulto
a garrafa de vinho deitando-me insultos
meu interno titubeia em total tumulto
foge o menino, grita de longe o adulto.

Eu que não venci meu irmão para fundar uma cidade,
não fui grandioso para estampar o rei de ouro ou copas,
não bradei descobertas geniais na minha mocidade,
nem naveguei, ainda que trôpego, pelos mares da Europa.

A água no vaso não impede que as rosas murchem,
nas estufas da vida novas flores surgem,
não vou deixar a vida no cofre trancafiada,
sigo, mesmo que lôbrega possa ser a jornada.

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Interlúdio: Bom seria
Bom seria a alma de janela abertas, com portas sem trancas nem tramelas e raios de luz junto ao vento, penetrando nela.
 

Escrito por:

MOACIR LUÍS ARALDI

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