Rei de copas
Trago o cheiro forte de incenso...
Trago o cheiro forte de incenso
espalhado em meus perfumados pensamentos.
Ao longe, o barulho incessante de vento,
a lareira ofegante ainda aquece aqui dentro.
Na claridade deficiente avisto um vulto
a garrafa de vinho deitando-me insultos
meu interno titubeia em total tumulto
foge o menino, grita de longe o adulto.
Eu que não venci meu irmão para fundar uma cidade,
não fui grandioso para estampar o rei de ouro ou copas,
não bradei descobertas geniais na minha mocidade,
nem naveguei, ainda que trôpego, pelos mares da Europa.
A água no vaso não impede que as rosas murchem,
nas estufas da vida novas flores surgem,
não vou deixar a vida no cofre trancafiada,
sigo, mesmo que lôbrega possa ser a jornada.
........................................................................................
Interlúdio: Bom seria
Bom seria a alma de janela abertas, com portas sem trancas nem tramelas e raios de luz junto ao vento, penetrando nela.