Artigo

Calças rasgadas

Bateram à porta dos anos oitenta ainda adolescentes...

Bateram à porta dos anos oitenta ainda adolescentes. Cabelos estranhos, desejos na mala e bolso vazio. Começavam a entender certas rebeldias, costumes e hábitos desta década que para alguns foi perdida, para outros, muito marcante. Traziam na bagagem uma vontade enorme de matar as curiosidades e a fome.
Juntaram-se a outros tantos jovens nos primeiros movimentos pela democracia. Orgulhosos, de cara pintada, foram ás ruas pedir eleições livres.
Nas noites que passavam na danceteria Cacimba Night Club, bebiam cuba libre e gim soda ouvindo Blitz, Cazuza, RPM... No Brasil o assunto era o primeiro Rock in Rio.
No cenário internacional o mundo conhecia a força musical de Bon Jovi, U2, Pet Shop Boys. Thriller tocava em todos os cantos do planeta.  Madonna se tornava unanimidade.
Anos romanticamente alvissareiros em que a Columbia impressionava a todos em seu primeiro voo. A Argentina tentava defender as Ilhas Malvinas, Itaipu finalmente começava a produzir enquanto o muro de Berlim caía, pela paz. Chaves estreava no Brasil e E.T. ganhava as telas de todos os quadrantes. Junto com a esperança de um novo milagre econômico nascia o primeiro bebê de proveta brasileiro.
Foram anos românticos e rebeldes muito próximos, talvez, aos anos de Woodstock, da então geração paz e amor.
Sou saudosista deste romantismo marcante. Dos cabelos volumosamente longos, dos amores e roupas coloridas.  Época em que se tentava mostrar rebeldia nas calças, propositadamente, rasgadas e nos tênis All Star eternos. 
Nove semanas e meia de amor era cinema lotado com toda a certeza.
Tempos de quebrar regras, inovar, lutar pelo novo, mas mantendo sempre a doçura e a ternura tão própria de uma geração que foi à guerra lutar pela paz.

(Interlúdios)

Escrito por:

MOACIR LUÍS ARALDI

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