Dois versos
Faço de sonhos os meus versos...
Faço de sonhos os meus versos,
opostos de mim que habitam o mesmo universo.
Se o primeiro é cinismo que beira a loucura
o segundo é feito de letras de candura.
Se um desfaz e deprecia
segue-se o que exalta e alivia.
Antecipa-se aos olhos o que emociona,
abrindo caminho para o que chora.
Grita alto o que interroga rebelado
responde calmo o tolerante que me deixa silenciado.
Agiganta-se meu verso que é pedra na vidraça,
se segura o outro que é de vidro e se estilhaça.
Cresce a ira do que me vaia e me critica
entende-me o verso que me aplaude e me paparica.
Abre-se em cada linha o lírico de ternura explícita,
o mais grosseiro avança para fechar a lista.
Agressivo é o verso tenso que me desestrutura,
mas o verso suave cava a sua sepultura.
O meu primeiro verso fala de amor;
o segundo... Ratifica o anterior.
.....................................................................................................
Interlúdio: Lua
Se for a sua lua, não mate no peito. Domine, coloque no coração e vibre.