Artigo

Ternura

Aos poucos vou percebendo que o mundo a cada dia parece distanciar-se de mim...

Aos poucos vou percebendo que o mundo a cada dia parece distanciar-se de mim.
Sempre fui meio à moda antiga. Nunca usei brincos, piercing e nem mesmo tatuagem me atrai.
Jamais falei algo como “tipo assim”, nem andei vestido de forma a mostrar minhas próprias cuecas. Não dirijo bêbado, nem frequento assiduamente festas ou baladas.

Ainda beijo o rosto dos meus filhos homens, abraço meus amigos, cumprimento as pessoas na rua, me preocupo e gosto delas. Valorizo o ser humano em detrimento de outros valores.

Não uso, ao escrever, linguagem de redes sociais. Costumo pedir licença para entrar e dizer obrigado pelas gentilezas e favores. 
Ouço músicas, inclusive e principalmente, as mais antigas.
Ainda apanho em certas operações desta máquina chamada computador, pois prefiro conversar pessoalmente a falar com este interlocutor sem reações, sem rosto, sem gestos, sem sorriso, sem cara fechada, pois todas as fotos de redes sociais são de pessoas sorridentes. Sinto uma ânsia de olhar nos olhos, de ver o semblante das pessoas, de mostrar gratidão e ternura durante a conversação. 
Claro que aprecio o progresso e as novidades tecnológicas, mas sem substituir velhos e bons costumes. Podem andar de mãos dadas o velho e o novo.
Reconheço certas nostalgias e devaneios que tenho, contudo prefiro romantizar as relações humanas, nada deveria substituir pessoas, pois os presságios de amor devem sempre aquecer os corações de todos.
Não tenho dificuldade em pedir perdão quando erro, nem em admitir minhas saudades. 
Vou pouco à igreja, mas nunca deixei de crer em Deus.
Amo a natureza e convivo bem com animais.
Fico fascinado com um sorriso ou abraço sempre sincero de uma criança. Escutando as pessoas mais velhas sinto que o futuro é logo ali.
Envelheço junto com este mundo que hoje parece não ser o mesmo.
Quanta pressa, quanta falta de educação no trânsito, quanto desamor. Enfim, quanta dureza nos corações humanos. 
No fundo, acho que o mundo se mantém igual. Eu é que amoleci.

(Interlúdios)

Escrito por:

MOACIR LUÍS ARALDI

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