Artigo

O Pequeno criador

Quando a fêmea ficou sozinha devido à morte do macho...

Quando a fêmea ficou sozinha devido à morte do macho, passou a esconder-se na mata perto de um pequeno rio de águas mansas.
Todo final de tarde chegava ela.
Com gestos desconfiados comia seu trato e ia lentamente desaparecendo pelo costado da cerca. 
O menino que lhe servia comida, muitas vezes a seguia. No entanto, nunca descobrira onde era seu esconderijo. Tinha medo de adentrar a mata fechada e ser notado por algum animal selvagem, que segundo ouvia, seria perigoso.
De manhã ninguém via a ave. O menino despertava e corria. Percorria o caminho da casa até o rio na esperança de encontrar, ao menos alguns ovos, num ninho, que pensava ele, seria bem ornamentado com folhas e palhas.
Um dia a ave não apareceu para a alimentação habitual. O menino ficou preocupado. Acreditou que ela deveria ter ficado no mato devido ao cansaço que era subir a ladeira que levava à casa da família. Porém, no segundo dia ele pensou que tivesse acontecido algo de grave. 
Mal amanheceu o dia, se pôs a procurar. Jurou que não voltaria sem descobrir o que estava acontecendo.
Ouviu um barulho. Em seus olhos brilhou a esperança. Parou. Baixou a cabeça e viu por entre a mata pequenas aves. Aproximou-se. Sentiu-se muito feliz. Tentou apanhar uma, mas foi barrado pela mãe ave. Deixou todos ali e saiu em disparada. Entrando em casa abraçou a mãe. Entusiasmado pediu comida. A mãe disse que o café estava servido.
-Não, comida para os patinhos. Com o alimento para seus pequenos amiguinhos, sumiu na mata cantando e pulando. 
Pura felicidade. 
Quando chegou às margens do rio, mal pode ver aquela unida família que descia pelas águas lentas. Chorando largou a comida na água e abanou para os nadadores.
(Interlúdios)
 

Escrito por:

MOACIR LUÍS ARALDI

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