Artigo

Talheres

Não vou arrancar minha roupa para ser devorado pela ganância...

Não vou arrancar minha roupa para ser devorado pela ganância mercantilista e cinzenta da cidade.
Nem tão pouco adormecerei bêbado em algum viaduto abandonado.
Também não vestirei peças novas engomadas e com etiquetas consagradas.
Assumo meu “look” de camisetas detonadas.
Espero à porta do banheiro. 
Não tenho pressa.
Entro só com o creme dental, não vou nem fazer a barba. 
Não me importo em ser deselegante.
Se na fila estiverem idosos saio dela para ser gentil, não precisam saber o motivo.
É nisso que está Deus, não nas ostentações das imponentes Catedrais e nos vestidos de alto padrão que ali entram.
"Bem-aventurados os humildes de coração, pois deles será o Reino dos Céus". 
A gratidão não se veste de vaidades.
Alimento-me da mais pura simplicidade, não me ajusto com tantos talheres.
Um sanduíche... 
Por favor!
(Interlúdios)
 

Escrito por:

MOACIR LUÍS ARALDI

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