Artigo

A noite passada eu sonhei

Nestes dias em que a chuva umedece a rua e o céu escurece, observo a vida na minha cidade.

Nestes dias em que a chuva umedece a rua e o céu escurece, 
observo a vida na minha cidade.
As luzes acendem brincando de anoitecer.
Com a chuva intensa, sinto medo de temporais, enchentes, 
tragédias naturais...
Na juventude, em dias de chuva a gente se divertia pisando 
descalços nos atoladores das ruas.
Era lindo acompanhar a emoção das crianças pisando no barro 
pela primeira vez.
Anoitece. 
Vejo o espetáculo das luzes dos veículos refletindo nos pingos 
d’água.
É agradável adormecer ouvindo o ruído das goteiras, ou 
acalentando algum sonho no conforto da cama.
É gostosa a sensação de acordar durante a madrugada com 
frio, quando reforçamos as cobertas.
A noite passada eu sonhei. 
No meu sonho todos compreendiam que os homens 
sobrevivem a tudo, exceto a solidão das noites chuvosas. 
A humanidade se abraçava num gesto de ternura jamais visto. 
A felicidade invadia cada coração e todos riam alegremente.
Ao amanhecer, a realidade era outra, mas sonhar, ainda que 
seja utópico, é um exercício que acalma a alma e o coração. 

(Do livro Charnecas floridas vencedor do 3º Prêmio literário cidade de Passo Fundo)
 

Escrito por:

MOACIR LUÍS ARALDI

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