A noite passada eu sonhei
Nestes dias em que a chuva umedece a rua e o céu escurece, observo a vida na minha cidade.
Nestes dias em que a chuva umedece a rua e o céu escurece,
observo a vida na minha cidade.
As luzes acendem brincando de anoitecer.
Com a chuva intensa, sinto medo de temporais, enchentes,
tragédias naturais...
Na juventude, em dias de chuva a gente se divertia pisando
descalços nos atoladores das ruas.
Era lindo acompanhar a emoção das crianças pisando no barro
pela primeira vez.
Anoitece.
Vejo o espetáculo das luzes dos veículos refletindo nos pingos
d’água.
É agradável adormecer ouvindo o ruído das goteiras, ou
acalentando algum sonho no conforto da cama.
É gostosa a sensação de acordar durante a madrugada com
frio, quando reforçamos as cobertas.
A noite passada eu sonhei.
No meu sonho todos compreendiam que os homens
sobrevivem a tudo, exceto a solidão das noites chuvosas.
A humanidade se abraçava num gesto de ternura jamais visto.
A felicidade invadia cada coração e todos riam alegremente.
Ao amanhecer, a realidade era outra, mas sonhar, ainda que
seja utópico, é um exercício que acalma a alma e o coração.
(Do livro Charnecas floridas vencedor do 3º Prêmio literário cidade de Passo Fundo)