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Manuseio como quem ama...

Manuseio como quem ama
folha por folha. Uma por vez.
A formiguinha do Quintana
encontrarei logo ali, talvez.
 
A próxima página tem o grito.
Risco. Rabisco. Gerúndios.
Olhos espiando, café esfriando
poeta aflito gestando.
 
Tem a ilha querendo sair
o rio que entra no mar
a lua começando a surgir
e um beija-flor no pomar.
 
Vinícius compondo sonetos
Olavo ouvindo estrelas
Carlos e seus anjos tortos
em Pasárgada, amando, Bandeira.
 
Dias escutando o sabiá
Drummond consolando José,
nos versos íntimos Augusto
na bola! Adivinhe quem é?
 
Romeu acariciando Julieta
Titanic começando a afundar
a baderna do boi da cara preta
e o sofá pra Beethoven sentar.
 
Mona Lisa sempre sorridente
letras de poetas expoentes
comédia divina de Dante
o quixote Miguel de Cervantes.
 
Não sei o lado certo
com a mania que tenho,
de traz pra frente venho
folhando de lá pra cá.
(Cabernet)

Escrito por:

MOACIR LUÍS ARALDI

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